Estudos mostram que o oralismo e a supressão da língua de sinais resultaram em uma deterioração marcante do aproveitamento educacional das crianças surdas. A instrução dos surdos em geral acabou sendo prejudicada, é claro, já que os alunos surdos, com essa lógica da reabilitação, passaram a ter como professores somente pessoas ouvintes e deixaram de ter o direito de usar os sinais.
Além disso, o tempo gasto ensinando às crianças surdas a falar, que era entre cinco a oito anos intensivos e de forma individual, tirava desse sujeito a oportunidade de desenvolver habilidades complexas, conhecer culturas e outros temas, enfim, participar efetivamente do mundo escolar, como vimos no post anterior.
A partir de 1970, o oralismo puro passou a dar lugar a uma nova filosofia educacional, a Comunicação Total, que passou a ser utilizada para o ensino de surdos, e permitia o uso de todos os meios que pudessem facilitar a comunicação, a língua oral, a fala sinalizada e uma série de sistemais artificiais, além dos sinais. Com a Comunicação Total, começou a surgir uma série de sistemas de sinais que visava tornar a língua falada mais discernível ao surdo, auxiliando, assim, na compreensão desta língua com o intuito de melhorar o desempenho na leitura e na escrita desse sujeito. Embora a Comunicação do Total tenha resultado numa melhora entre a comunicação de pessoas surdas e ouvintes, o que se percebeu é que as habilidades de leitura e escrita não apresentavam o desenvolvimento esperado.
A questão, professor e professora, é que a Língua de Sinais ainda não era o ponto de partida desse aprendizado, o que vimos, com as nossas leituras, que o resultado é um ensino que não traz resultados satisfatórios para o sujeito surdo, uma vez que, aprender em uma segunda língua depende, e muito, do domínio que essa pessoa tem de sua língua natural. Essa possibilidade de ensino e aprendizagem nós vislumbramos com o Bilinguismo, ainda muito difícil de ser posto em prática nas nossas classes inclusiva, mas que pode nos ensinar a melhor pensar esta educação que respeita diferenças.
Compreendendo o bilinguismo
A proposta de uma educação bilíngue propõe que a instrução e uso da língua de sinais, bem como da língua oficial do país onde o sujeito está inserido, sejam realizados separadamente, a fim de que deformações por conta de seu uso simultâneo sejam assim evitadas. Sobre essa questão, Ronice Quadros, uma das autoras que embasou meus estudos para a produção da dissertação, esclarece nesse vídeo o que é e a importância do bilinguismo. O vídeo é em Libras, e traz legendas em português. Para assistir, clique no link vídeo ou link.
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